o dia 27 de outubro de 2010, na cidade de Penápolis – SP foi realizado um mini-curso, na Fundação Educacional de Penápolis (FUNEPE), Ministrado por mim, Polyana Picolini Okano, com a finalidade de resgatar, a importância da autonomia na totalidade do desenvolvimento da criança, principalmente na educação infantil e as primeiras series do ensino fundamental.
Lembrando que foram utilizadas as teorias de Freire e Vygotsky, sendo que não devemos seguir apenas um parâmetro teórico por cada criança possui sua individualidade, que gera a aquisição do conhecimento, nossas salas são heterogenias e não homogêneas, as quais definem autonomias:
Freire introduz Pedagogia da autonomia explicando suas razões para analisar a prática pedagógica do professor, em relação à autonomia de ser e de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um sujeito social e histórico.
“...formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas..."
Freire em, A Pedagogia da Autonomia, condena as mentalidades crentes em fatalidades que se conforma com a ideologia paralisante de que "a realidade é assim mesmo, que podemos fazer?" Para estes basta o treino técnico indispensável à sobrevivência. Freire defende que educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um "ensinar a pensar certo" como quem "fala com a força do testemunho". É um "ato comunicante, co-participado", de modo algum produto de uma mente "burocratizada". No entanto, toda a curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o próprio discurso teórico terá de ser aliado à sua aplicação prática.
Ressaltando ainda que ensinar é algo de profundo e dinâmico onde a questão de identidade cultural que atinge a dimensão individual e a classe dos educandos, é essencial a "prática educativa progressista". Passando a ser indispensável, “solidariedade social e política para se evitar um ensino elitista e autoritário como quem tem o exclusivo do “saber articulado”“. A educar não é a mera transferência de conhecimentos, mas sim conscientização e testemunho de vida, senão não terá eficácia.
Igualmente, para ele, educar é como viver, exige a consciência do inacabado porque a "História em que me faço com os outros (...) é um tempo de possibilidades e não de determinismo” (p.58). No entanto, tempo de possibilidades condicionadas pela herança do genético, social, cultural e histórico que faz dos homens e das mulheres seres responsáveis, sobretudo quando "a decência pode ser negada e a liberdade ofendida e recusada” (p.62). Segundo Freire, "o educador que 'castra' a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica” (63). A autonomia, a dignidade e a identidade do educando tem de ser respeitada, caso contrário, o ensino tornar-se-á "inautêntico, palavreado vazio e inoperante” (p.69). E isto só é possível tendo em conta os conhecimentos adquiridos de experiência feitos" pelas crianças e adultos antes de chegarem à escola. A "especificidade humana" do ensino, enquanto competência profissional e generosidade pessoal, sem autoritarismos e arrogância, sendo na única forma de obter um clima de respeito mútuo e disciplina saudável entre "a autoridade docente e as liberdades dos alunos, (...) reinventando o ser humano na aprendizagem de sua autonomia” (p.105). Consequentemente, não se poderá separar "prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender” (pp.106-107).
Mostrando assim que não adianta apenas procurou perceber os problemas educativos da sociedade brasileira e mundial, mas propôs uma prática educativa para resolvê-los.
Para Vygotsky a concepção de autonomia ela se equivale a “atividade voluntária”, em que, "a atividade voluntária, mais do que o intelecto altamente desenvolvido, diferencia os seres humanos dos animais filogeneticamente mais próximos" (Formação Social da Mente p.42), na medida em que altera suas necessidades e motivações básicas, deslocando-as das premências instintivas para o plano das motivações socialmente enraizadas.
A capacidade instintiva torna-se secundárias, no ser humano sendo que, as motivações socialmente enraizadas, até mesmo aquelas aparentemente sem sentido ou benefício prático imediato, dão direção às ações humanas a qual é compartilhada, apreendida e regulada nas relações com o outro. Internalizadas, elas constituem o funcionamento intra-subjetivo, passando a ser auto-reguladas.
Vygotsky focaliza o contexto social em que a criança está inserida, valorizando-o, pois através da interação e comunicação dentro de uma situação imaginária, ela incorpora elementos de seu contexto cultural.
O faz-de-conta é uma atividade importante para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois exercita no plano da imaginação, a capacidade de planejar, imaginar situações lúdicas, os seus conteúdos e as regras inerentes a cada situação.
“...a situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A criança imagina-se como mãe da boneca e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do comportamento maternal...” (VYGOTSKY,1998:124).
Nesse sentido, como destaca Vygotsky, o plano intersubjetivo das motivações socialmente enraizadas está na gênese da atividade individual e participa da construção das formas de ação autônomas ou auto-reguladas. A autonomia do sujeito e a regulação de suas ações constroem-se sobre interações produzidas em condições sociais de produção específicas.
A aproximação da dinâmica interativa em que a professora estudada vem se constituindo tem sido conduzida através de observações, da atividade conjunta com a professora em sala, da participação em reuniões e festas da escola, das conversas informais que travamos acerca de seu cotidiano profissional, de conversas informais que estabeleço com o pessoal da escola, de documentos (planos de aula, planejamentos, projeto pedagógico da escola, etc) em circulação na instituição e de entrevistas semi-estruturadas centradas em sua trajetória profissional. As observações e intervenções em sala de aula vêm sendo registradas em diário de campo. As entrevistas e conversas informais têm sido gravadas.
No presente trabalho, focalizo os modos de como a professora vai regulando e sendo regulada nas relações de planejamento de ensino.
O planejamento feito no início do ano, tem sido, nas escolas, uma instância de prescritiva do trabalho docente, trazendo consigo uma definição de conteúdos e objetivos a serem de alguma forma incorporados ao fazer dos professores.
Fundado num certo modo de racionalidade, sua organização técnica, via de regra conduzida pelos especialistas, evidencia marcas do taylorismo ainda vigente na escola.
Como professores lidam com essas prescrições, modulando-as frente ao seu trabalho e tendo seu trabalho modulado por ela? Como compreender a autonomia dos professores nessas condições de produção do trabalho docente? Para analisar essas questões destacarei alguns episódios registrados em sala de aula, considerando graus relativos de autonomia neles presentes.
"Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade" (VYGOTSKY, 1988)
Pensando em todos esses aspectos de autonomia e não heteronomia, pois autonomia não é uma ideologia, nem mesmo uma política, mas uma alternativa à política. Única tendência revolucionária que não se deixou rotular, monopolizar ou rebocar por velhos dogmas, clichês ou hábitos, a Autonomia se define como anticapitalista e antiautoritária, combatendo sem tréguas o patriarcado, o capital, o estado e todas as opressões ditas específicas; e a heteronomia significa que a sujeição às normas jurídicas não está dependente do livre arbítrio de quem a elas está sujeito, mas, pelo contrário, se verifica uma imposição exterior de que decorre da sua natureza obrigatória. A heteronomia é, assim, a nosso ver, uma característica da ordem jurídica, por contraposição à autonomia, com significado oposto. Devido a isso achei necessário aprofundar essa grandeza pedagógica na pratica educacional.